Se possível... delicie-se!!!
Sou eu...
- Mari Arantes
- Uberlândia, Minas Gerais, Brazil
- Gosto da vida e vivo intensamente, apesar de ser medrosa. Escrevo com o corpo e com as emoções. Escrevo como se as palavras pudessem formar uma melodia harmoniosa... Às vezes leio as coisas que escrevo e acho muito feio e ridículo e então... abandono o blog por um tempo. Sim, lendo minhas palavras é possível ler minha alma e não pretendo mudar isso, porque elas são espelhos fiéis do que se passa dentro de mim.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Beija a flor...
O beija-flor passou a vida colhendo o doce daquela flor. Ela não queria que ele fosse embora, então se enchia de mel pra que ele não precisasse ir a lugar nenhum. Ela, parada, se sentia viva ao ver o bater asas daquele pássaro reluzente, cheio de energia. Ele a admirava, encantado, não queria perdê-la, a amava, mas às vezes ele dizia: "Me deixa ir, linda flor, eu preciso ver outras coisas, mas prometo que volto porque amo você". E ela entristecida chorava e perguntava porque ele queria aquilo, ela se esforçava tanto pra dar o melhor mel pra ele, ele não precisaria de outra coisa, ela já bastava: "Eu preciso da sua energia, da sua força".
E o beija-flor foi entristecendo... Suas asas já não batiam mais com tanta força, mal ele conseguia se segurar no ar, seus olhos antes vivos, reluzentes, foram ficando opacos, tristes. Um dia, nem voar ele queria mais... seu bico nem ansiava mais pelo mel da linda flor... E ele olhava para ela, chorando a pensar: "Minha bela flor, terei que deixá-la, não posso morrer a seus pés... te amo tanto e isso era o que deveria bastar... meu corpo pede pra que eu busque um lugar para então me entender e me encontrar"...
A flor estava dormindo, mas acordou com o esforço do pássaro para bater suas asas. Percebeu que nessa manhã, seu amado beija-flor não se esforçara para subir e beijá-la... ele estava indo embora. A flor chorou, gritou, pediu por favor, para que ele não fosse, mas ele foi... ele estava indo embora.
O beija-flor cansado encontrou uma árvore e entrou no tronco oco. Adormeceu suas patas e seu bico, num sono profundo, o sono do reencontro...
E ele sonhava com as belezas do mundo. Não queria outras flores, queria apenas ver o mundo e fazer suas penas brilharem com as histórias que ouvisse...
Quando acordou, o beija-flor, encantado, olhou suas penas e percebeu que durante aquele sono, as penas antigas caíram, dando lugar a penas cintilantes verdes, azuis, douradas...
E ele saiu voando pelo mundo, encontrou pessoas, lugares, outros bichos, coisas que nunca havia imaginado que existia e nem por isso deixou de pensar em sua amada flor.
Um belo dia, o beija-flor voltou àquele jardim onde sua amada flor morava e encontrou-a rodeada de abelhas e outros beija-flores. Foi correndo contar pra ela sobre tudo o que tinha visto. Ele não teve ciúmes, pois sabia que toda flor nasce pra dar mel aos bichos que precisam dele.
Ao se aproximar a flor o tratou com desdém: "Ora, ora, quem está aqui... pensei que tivesse morrido, nunca mais veio me visitar. Agora não preciso mais de você, não vê como estou rodeada de bichos que precisam de mim... Você não deu valor quando eu era exclusividade sua, agora quer voltar assim de repente e ter minha atenção... pode embora, vá para o seu mundo, não é muito melhor do que ficar em minha companhia".
Triste, o beija-flor foi embora. Percebeu que aquela flor nunca o amou verdadeiramente. Ele só queria que ela entendesse que, mesmo tendo nascido diferentes, era possível continuarem se amando, desde que cada um respeitasse sua natureza...
Hoje ele vive a voar pelos cantos desse mundo e contenta-se com os encatamentos de tudo o que ve de novo e de belo.
Ele renasceu de suas próprias cinzas e encontrou sua verdadeira missão...
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